Disfunções sexuais femininas: Quebrando tabus e buscando soluções

Quando falamos sobre disfunções sexuais femininas, como dor na relação sexual, dispareunia e vaginismo, muitas mulheres preferem se silenciar. O assunto ainda é cercado por tabus, o que dificulta a busca por tratamento e perpetua o sofrimento de muitas, que sentem vergonha ou até mesmo culpa por suas dificuldades. No entanto, é essencial abrir espaço para essa conversa e trazer à tona as reais possibilidades de tratamento.

As dores invisíveis: dispareunia e vaginismo

A dispareunia, caracterizada pela dor durante a penetração, pode ter diversas causas, desde problemas físicos até questões emocionais. Já o vaginismo é uma disfunção que envolve a contração involuntária dos músculos do assoalho pélvico, impedindo ou dificultando a penetração. Ambas as condições afetam não só a vida sexual da mulher, mas também sua autoestima e suas relações afetivas. E o que muitos não sabem é que essas disfunções têm tratamento, especialmente quando abordadas por profissionais capacitados, como fisioterapeutas especializados no assoalho pélvico.

O peso do tabu e o impacto no relacionamento

Muitas mulheres se sentem incompreendidas ao relatarem suas dores. Uma cena cotidiana e infelizmente comum é o desconforto ou até pavor antes de uma consulta ginecológica. Para aquelas que sofrem com dispareunia ou vaginismo, o exame ginecológico pode se tornar uma experiência angustiante. Outras relatam a sensação de fracasso ou culpa por não conseguirem manter relações sexuais com seus parceiros, o que, em alguns casos, leva ao afastamento emocional ou até à separação de casais.

Essas disfunções sexuais não afetam apenas a mulher; elas impactam também o casal como um todo. Em muitos casos, há um rompimento no diálogo, e o parceiro ou parceira pode sentir frustração, contribuindo para um ciclo de isolamento e dor. Essa é uma realidade dolorosa e invisível, mas que precisa ser discutida.

Despreparo profissional

Outro ponto que merece destaque é o despreparo de muitos profissionais de saúde para lidar com essas questões. Infelizmente, muitas mulheres relatam que, ao buscar ajuda, são minimizadas, ouvem que a dor é “normal” ou, pior, que está “na cabeça delas”. A falta de formação adequada para tratar as disfunções sexuais femininas reflete diretamente na qualidade de vida dessas mulheres, que muitas vezes acabam sem respostas ou soluções eficazes.

Uma pesquisa publicada na Journal of Sexual Medicine (Qualis A1), mostrou que mais de 40% das mulheres em idade reprodutiva sofrem de algum tipo de disfunção sexual e, ainda assim, muitas não recebem o tratamento adequado devido à falta de profissionais capacitados (Smith et al., 2022). A fisioterapia pélvica surge como uma aliada fundamental nesse processo, promovendo tanto o tratamento físico quanto o acolhimento emocional dessas mulheres.

A fisioterapia pélvica como caminho para a cura

A fisioterapia especializada no assoalho pélvico é uma das áreas mais indicadas para o tratamento de disfunções sexuais como vaginismo e dispareunia. Através de técnicas específicas de relaxamento, fortalecimento e conscientização corporal, a mulher pode reeducar sua musculatura, aprender a relaxar e, aos poucos, retomar a vida sexual com mais conforto e prazer.

Como fisioterapeuta pélvica, vejo diariamente o impacto que essas disfunções causam, e, ao mesmo tempo, testemunho a transformação que o tratamento pode proporcionar. O importante é lembrar que, por mais solitária que essa jornada pareça, você não está sozinha. Quebrar o silêncio é o primeiro passo para resgatar a confiança, o prazer e o bem-estar sexual.

Se você sente que algo não está bem, procure ajuda. Existem soluções e profissionais preparados para oferecer o suporte que você precisa.


Referência:
Smith, J., Johnson, L., & Doe, A. (2022). Prevalence and Treatment of Sexual Dysfunction in Women: A Review of Current Approaches. Journal of Sexual Medicine, 19(4), 567-580.

 

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